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Ducha land art dada

Sem parar é o movimento da água do rio descendo pro mar.


Carlos (o Drummond de Andrade) disse que João (o Guimarães Rosa) guardava rios nos bolsos.
Antônio (o Brasileiro Jobim) disse que não sabia onde esse rio ia dar. Eu tive que sair para ver,
de onde vem e para onde vai o rio que passa onde eu moro. Numa curiosidade infantil, quase
Dadá. Gugú-Dadá mesmo.


Percorrer a terra a pé ou de carro é como desenhar curvas de um rio no mapa. Botar uma
cerca em volta de uma terra é como desenhar quadrados nela. Assim a terra fica toda
desenhada de curvas loucas e quadrados feios. Arte da terra (land art) assim tira da bolsa o
bonito e o feio como só a modernidade é capaz de ser.


Nós quatro - Carlos, João, Antônio e eu - criamos (Poésis, significa criação), nós quatro
observamos o Brasil arcaico e inventamos um moderno. Mas nós já fomos algum dia
modernos?


Utilizei um website de localização por satélite chamado what3words para colecionar palavras
em 4 pontos importantes do Rio Preto e a receita original Dada-ista para compor meu poema.

 

Desencavei os mapas arcaicos do IBGE para expor meu desenho pela terra, pelo asfalto e pela
lama, nessa vontade de intimidade com o rio das pedras pretas, da água barrenta, castigada.

 

E as testemunhas dessa correria são as águas coletadas em garrafas de água mineral de
plástico nos mesmos pontos onde foram coletadas coordenadas de posicionamento global por
satélites, satélites que voam no espaço sideral sobre nossas cabeças sem parar.

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